25 de junho de 2010

Esquadrão da Moda - De muito mau gosto

Primeiro quero que vocês assistam o vídeo a seguir que tem apenas 32 segundos pois todo o post se baseia nele:



Eu acho que entendi o que tentaram dizer, o programa de fato só se preocupa com a moda e não com outras questões sociopolíticas. Tudo bem mas acredito que eles atiraram no que viram e acertaram no que não viram porque o que a chamada não diz, e talvez não quisesse mesmo dizer, mas nos induz a pensar é que no meio da moda aspectos como caráter e respeito aos direitos humanos não importam, o que é um absurdo claro.
Concordo que é um mundo em que se lidam com egos, muitas vezes demasiadamente inflados, mas isso ocorre em muitas áreas. E do modo como foi colocada a questão o que eu vejo é uma futilização da moda e é engano pensar que a moda é apenas isso, ela pode ser isso também mas ela é maior. Tem aspectos interessantíssimos sobre a moda, sua história e evolução. Ou alguém duvida que o guarda-roupa feminino do século XIX, todo ele pensado de modo a restringir os movimentos físicos e explicitar uma suposta fragilidade feminina, era um reflexo e também um mecanismo de reforço à condição restritiva da mulher na sociedade?
Essa chamada é no mínimo de gosto duvidoso e quem a pensou, na minha opinião, não soube transmitir o que, penso eu, de fato quis dizer. E claro prestou um desserviço.

16 de junho de 2010

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

14 de junho de 2010

Bem posicional

Outro dia eu falei sobre a parte pequenina, infantil e boba que ainda não aprendeu a ser feliz com a felicidade alheia.
Como o mundo não é cor de rosa e viver é se decepcionar constantemente, assistindo The Big Bang Theory descobri que meu pensamento amargo e infundado talvez não seja assim tão infundado.
Graças ao Sheldon, destruidor de sonhos e ainda assim meu nerd mais querido, me deparei com um tal de bem posicional que descobri é basicamente o que o Sheldon disse: "o objeto é valioso para o dono porque não é possuído pelos outros" (só não ficou claro se o autor é mesmo o economista que o Sheldon menciona, acho que não).
De qualquer forma acho que é isso, de nerdse em nerdse a gente vai crescendo rsrs e era sobre TBBT (e suas utilidades inúteis ou inutilidades utéis ??) que eu queria falar. Não assistiu ainda?? Tá esperando o que? É bom demais :D

7 de junho de 2010

O poeta fingidor

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
(Ricardo Reis)

6 de junho de 2010

E o Oscar vai para . . .

Quero falar de bobagens pseudo-filosóficas hoje, então vamos lá.
Não somos os protagonistas de todas as histórias, não raro nos habituamos até mesmo a não sermos nunca.
A verdade é que as vezes caímos no meio das histórias de outras pessoas e nos sentimos deslocados, desejosos de que aquela história fosse também nossa história. Mas nem sempre isso é possível e não necessariamente é ruim sermos os coadjuvantes das histórias alheias porque é quase certo de que em nossas histórias existam coadjuvantes, muitos dos quais serão brilhantemente vividos por boas pessoas.
Penso que sou coadjuvante na vida de muitas pessoas, me sinto feliz por fazer parte de tantas histórias distintas e sinto-me também bastante honrada.
Acredito que cai no meio da história de outrem e isso me fez pensar que nem sempre quem ganha o Oscar é o protagonista, perceber que talvez não devêssemos desejar sempre e tão desesperadamente que a história alheia seja nossa história, as vezes basta podermos observar, aprender e sorrir com o riso alheio.
E assim seguimos, sem grandes ressentimentos, só com os pequenos. Frutos daquela parte infantil e boba que ainda não aprendeu a ser feliz com a felicidade alheia, aquela mesma que não se satisfaz em ser feliz, precisa que o outro não seja.
Mas isso é outra coisa e falo disso em outro dia . . .

5 de junho de 2010

Evento em Osasco

A quem interessar possa, haverá comemoração dos 44 anos da Vila Menck, localizada em Osasco, na Grande São Paulo.
O evento contará com shows, cinema, feira de artesanato, exposição de carros antigos, festival de bandas de garagem, atividades circenses, dança, sarau, graffiti entre outros.
Vale a pena destacar que um dos convidados do evento é o grupo "O teatro mágico", que apresentará os grupos " Octopus" e "Pindorama".
A realização do evento é do Ponto de Cultura Quilombaque e acontecerá a partir do dia 05 de junho (sábado) com intervenção de grafiteiros em muros da região e continua no dia 06 (domingo), a partir das 10h, nas ruas Joaquim Severino Alves, Lauro Ferreira Santos, Embu Guaçú e Rio Grande da Serra. Em cada uma delas estará posicionado um palco -popular, hip hop, regional, garagem e evangélico.
O recado está dado.

4 de junho de 2010

Juramento

Tu dizes, óh Mariquinhas,
Que não crês nas juras minhas,
Que nunca cumpridas são!
Mas se eu não te jurei nada,
Como hás de tu, estouvada,
Saber se eu as cumpro ou não?!

Tu dizes que eu sempre minto,
Que protesto o que não sinto,
Que todo poeta é vário,
Que é borboleta inscontante;
Mas agora, nesse instante,
Eu vou provar-te o contrário.

Vem cá, sentada ao meu lado
Com esse rosto adorado
Brilhante de sentimento,
Ao colo o braço cingido,
Olhar no meu embebido,
Escuta o meu juramento.

Espera: - inclina essa fronte . . .
Assim! - Pareces no monte
Alvo lírio debruçado!
- Agora, se em mim te fias,
Fica séria, não te rias,
O juramento é sagrado:

"- Eu juro sobre estas tranças,
E pelas chamas que lanças
Desses teus olhos divinos:
Eu juro, minha inocente,
Embalar-te docemente
Ao som dos mais ternos hinos!

Pelas ondas, pelas flores,
Que se estremecem de amores
Da brisa ao sopro lascivo;
Eu juro, por minha vida,
Deitar-me aos teus pés, querida,
Humilde como um cativo!

Pelos lírios, pelas rosas,
Pelas estrelas formosas,
Pelo sol que brilha agora,
-Eu juro dar-te, Maria,
Quarenta beijos por dia
e dez abraços por hora!"

O juramento está feito,
Foi dito co'a mão no peito
Apontando ao coração;
E agora - por vida minha,
Tu verás, óh moreninha,
Tu verás se o cumpro ou não! . . .


Casimiro de Abreu - Rio - 1857.