25 de agosto de 2009

Frieza

Os teus olhos são frios como as espadas,
E claros como os trágicos punhais;
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.
Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e todo o sol das madrugadas!
Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior do que ser cego de nascença!
Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirá a soluçar:
"Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim! . . ."
(Florbela Espanca)

23 de agosto de 2009

Cazuza

Conheci Cazuza quando contava com meus dez anos de idade. Naquela época eu tinha apenas duas certezas musicais na minha vida: 1º eu gostava de música e 2º porém não menos importante, eu não gostava do que meus amigos ouviam (eles escutavam coisas maravilhosas ao estilo Sandy e Junior). Faltava alguma coisa e eu não sabia o que.
Foi quando eu vi na TV um pequeno lembrete sobre o aniversário de morte de um cara, um tal de Cazuza, ao fundo a música "Ideologia". E eu soube o que faltava.
Fui ver quem era esse cara e quanto mais eu sabia, quanto mais eu o ouvia, mais eu o admirava.
Posso dizer seguramente que Cazuza mudou minha vida e eu, não apenas meu gosto musical, não seria a mesma sem Cazuza. Com Cazuza descobri o rock, as letras de protesto, a poesia musical, a porra-louquice e eu soube: queria ser assim quando crescesse, queria viver dez anos a mil e não mil a dez, queria viver e não só existir.
O dez anos a mil desacelerou, a vontade de viver ainda não cessou.
Cazuza é o Cara, assim com letra maiúscula, não apenas por sua poesia musical mas também pela sinceridade cruel com que cantou dores e amores, pela coragem de assumir seu estado de soropositivo em uma época cheia de preconceitos, por não ter desistido da vida, por ter composto mais do que nunca depois que soube que ia morrer, porque na época ser soropositivo era sinônimo de morte certa.
Cazuza mudou minha vida, ampliou meus horizontes e me despiu de alguns preconceitos e é por isso que ele tem um lugar só dele na minha pilha de CD's.

19 de agosto de 2009

Enquanto quis fortuna que tivesse

Enquanto quis Fortuna que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.
Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento,
Escureceu-me o engenho com tormento,
Para que seus enganos não dissesse
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,
Verdades puras são e não defeitos;
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.
(Luís de Camões)
Um soneto diferente deste grande poeta da língua portuguesa, porque todo mundo já sabe que amor é um fogo que arde sem se ver . . .

16 de agosto de 2009

Ludov - Caligrafia

Depois de um longo e tenebroso inverno na hibernação hospitalar cá estou eu novamente, parcialmente recuperada e pronta para voltar a postar com a frequencia que se deve.
Uma dica para o próximo final de semana: a banda paulistana Ludov lança no sábado dia 22/08 no Clash Club (Rua Barra Funda, 969) o disco "Caligrafia". Isso já tá no site da banda já faz um tempinho, mas como publicidade nunca é demais, fica aqui a dica para quem está em São Paulo.
E para quem não conhece a banda ainda é só criar vergonha e clicar aqui para dar uma olhada no site oficial.




Informações: (011)3661-1500 (Clash Club).

6 de agosto de 2009

Sid e Nancy

Promessa feita, promessa cumprida. Eu disse antes quando falei do Iggy Pop que falaria desta empreitada cinematográfica do Cara. Pois bem, aqui estamos nós.
O filme, de 1986, é baseado em fatos reais e conta os últimos meses de vida de Sid Vicious (baixista do Sex Pistols). A obra é mais centrada no mergulho de cabeça dado por ele no fabuloso mundo das drogas bem como em seu romance conturbadíssimo com Nancy Spungen, cuja morte até hoje gera assunto (há quem diga que ele a matou, há quem acredite que ela se matou), no fim não importa muito, o resultado é o mesmo, como bem disse Dee Dee Ramone, Sid foi o rei do punk rock e Nancy foi uma rainha quebrada (Love Kills).
A participação de Iggy Pop no filme é pequena e ganha um doce quem encontrá-lo assim que ele entrar em cena.
Pra quem acha o filme velho demais, só lamento porque ver Gary Oldman, o querido Sirius Black dessa geração mais novinha e que ainda não viu clássicos como "O Amor não tem sexo", muitos anos mais novo, sem camisa e pagando cofrinho já seria impagável, some a isso atuação impecável, não só a dele como também a de Chloe Webb (Nancy), e temos um filme atemporal.